A comercialização de castanha de caju em Moçambique atingiu na última campanha 195.400 toneladas, aproximando-se do recorde dos anos 70, quando o país foi um dos maiores produtores mundiais, segundo dados do Ministério da Agricultura.
De acordo com a informação do Ministério da Agricultura, Ambiente e Pescas, a produção de castanha de caju em Moçambique atingiu há 50 anos, ainda no período colonial, mais de 200 mil toneladas anuais, com a comercialização a aproximar-se desse registo histórico na mais recente campanha, de 2024/2025.
Até meados da década de 70, Moçambique era o segundo maior produtor mundial de caju (210 mil toneladas processadas em 1973), atrás apenas da Índia, que comprava na altura, e ainda hoje, grande parte dessa produção.
Após a independência de Moçambique, em 25 de junho de 1975, a produção caiu para menos de 10%, para cerca de 15 a 20 mil toneladas anuais, mas tem vindo anualmente a crescer, de acordo com o histórico dos dados oficiais.
Segundo o Ministério da Agricultura, a cadeia de valor das amêndoas em Moçambique “conta com cerca de 1.047.000 famílias, 69 empresas e 7.287 trabalhadores em todo o pais” e só na província de Maputo essa atividade envolve 32.168 famílias sendo “o principal centro de consumo das amêndoas, gerando inúmeras oportunidades de negócio”.
“Nestes 50 anos da independência, a cadeia de valor das amêndoas tem sido uma fonte inesgotável de oportunidades por garantir a geração de empregos, sendo que, o caju e macadâmia são culturas de rendimento com forte contribuição no desenvolvimento socioeconómico das comunidades, mesmo que expostas a vários desafios decorrentes das mudanças climáticas”, recorda o ministério.
O Governo moçambicano estima que a produção de castanha de caju, uma das principais culturas de rendimento nacional, aumente 23% este ano, para 218.900 toneladas, com a área de cultivo também a disparar.
De acordo com dados do executivo, a área de produção deverá crescer 26% na atual época agrícola, para 64.000 hectares em todo o país, contra 50.600 hectares na época anterior, quando foram produzidas 177.650 toneladas de castanha de caju.
Para dinamizar a atividade, está prevista a produção, distribuição e plantação, este ano, de 6.674.660 mudas de cajueiros, num investimento de 90 milhões de meticais (1,2 milhão de euros), bem como o “realizar o tratamento químico de 9.270.000 cajueiros contra pragas e doenças”.
O rendimento com a exportação de castanha de caju moçambicana já tinha crescido 71% em 2024, para um recorde de 98,2 milhões de dólares (83,7 milhões de euros), segundo dados de um relatório estatístico do Banco de Moçambique, que detalha as exportações.
Em 2023, essas exportações tinham crescido para 57,3 milhões de dólares (48,9 milhões de euros), e no ano anterior para 51,7 milhões de dólares (44,1 milhões de euros), enquanto em 2021 representaram apenas 30 milhões de dólares (25,6 milhões de euros).
De acordo com o relatório de execução orçamental de 2024, do Ministério das Finanças, no ano passado foram produzidas cerca de 4,8 milhões de mudas de cajueiro, e distribuídas cerca de 4,4 milhões, ainda assim menos 8% e 5%, respetivamente.
“As mudas distribuídas abrangeram cerca de 65.303 famílias produtoras, das quais 16.175 são chefiadas por mulheres tendo sido plantadas numa área de cerca de 87.056 hectares com uma taxa de sobrevivência de 89%”, lê-se no documento.