Na Agricultura, o prejuízo associado às geadas tem vindo aumentar devido às adaptações fisiológicas que as culturas realizam face às alterações climáticas a que estas estão sujeitas. Ciclos longos com inícios precoces favorecem a predisposição das culturas a este fenómeno.
Conceito de Geada e Condições de ocorrência
A Geada consiste na ocorrência de uma temperatura do ar de 0ºC ou inferior.
Contudo, na ausência de turbulência do ar e com grande perda de energia por parte das culturas durante a noite, a temperatura do ar não corresponde à temperatura superficial dos objetos, sendo esta última, por vezes, alguns graus inferiores.
À medida que o ar entra em contacto com a superfície da planta vai cedendo-lhe calor, arrefece, torna-se mais denso e acumula-se junto a esta superfície, promovendo, assim, o arrefecimento mútuo do ar e da superfície da planta.
Geada Negra vs Geada Branca
Para que ocorra formação de cristais de gelo sobre as plantas é preciso que o ar envolvente das mesmas atinja o ponto de saturação a uma temperatura superior à temperatura mínima atingida, iniciando-se a condensação e a sua posterior congelação.
A geada acompanhada pela formação de cristais de gelo produzidos pela congelação do orvalho, ou pela sublimação de vapor de água, denomina-se Geada Branca.
Estes dois processos, que permitem a condensação do vapor de água e a congelação da água, levam à libertação de calor, que reduz significativamente a taxa de arrefecimento e os danos causados.
Por outro lado, quando o ponto de orvalho é mais baixo que a temperatura negativa nefasta atingida pelos órgãos vegetais, estes apresentam aspeto necrótico, parecendo “queimados”, e estamos perante uma Geada Negra.
Influência da topografia na frequência e severidade das geadas
A análise ao nível da paisagem mostra que as posições topográficas de baixa altitude, incluindo encostas de níveis baixos, são as mais suscetíveis a danos por geada (Matusick et al., 2014).
As áreas baixas em topografia montanhosa acumulam ar frio quando o ar frio denso desce e fica preso sob uma camada de inversão durante noites calmas e sem vento (Gustavsson et al, 1998).
Conclui-se, assim, a existência de um aumento da frequência e severidade das geadas com a proximidade do fundo dos vales, sendo o dano das geadas inversamente proporcional à elevação.
A geladura apresenta danos superiores quando associada a geadas tardias de primavera e a precoces de outono, visto que as espécies vegetais se encontram fora do período de dormência, logo a sua geado-resistência é inferior (De Melo-Abreu e Ribeiro, 2010).
Métodos Indiretos e Diretos contra a Geada
Os métodos utilizados contra geadas subdividem-se em indiretos (ou passivos), que atuam de forma preventiva, e diretos (ou ativos), que são de caráter protetivo e de atuação temporária.
Os métodos de utilizados contra geadas existem, mas parecem subutilizados face às perdas desastrosas associadas a este fenómeno.
As razões para a baixa percentagem de utilização de métodos de proteção contra geada por parte dos agricultores são os custos de implementação versus retorno e o tempo de gestão envolvido.
Em casos extremos deste fenómeno, o seguro deste risco sem qualquer tipo de atuação preventiva pode não ser uma solução viável devido às perdas desastrosas associadas. A mitigação do risco de geada é conseguida com uma visão holística de todas as soluções disponíveis.
Ivan Santos
Artigo publicado originalmente em ATLAS Agro Insurance MGA.