O conselho interprofissional do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) adiou hoje para 18 de julho a decisão sobre o benefício, ou seja a quantidade de vinho do Porto a ser produzida nesta vindima.
A reunião de hoje, que decorreu no Peso da Régua, distrito de Vila Real, terminou sem uma tomada de decisão sobre a quantidade de mosto que cada produtor pode transformar em vinho do Porto na vindima de 2025, com viticultores a temer que possa haver uma nova redução nesta que é uma importante fonte de receita na Região Demarcada do Douro.
O aumento do benefício é, precisamente, um das principais reclamações que vai ser apresentada na manifestações agendada para quarta-feira, na cidade da Régua, numa iniciativa da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e da sua filiada a Associação dos Viticultores e da Agricultura Familiar Douriense (Avadouriense).
No ano passado o interprofissional do IVDP fixou o valor do benefício nas 90.000 pipas (550 litros cada), menos 14.000 do que em 2023 (104.000 pipas).
No seio do organismo, não houve consenso entre os representantes do comércio, que defendiam uma maior redução, e a produção que propôs um aumento.
Hoje, à saída da reunião, não houve declarações à comunicação social, tendo sido apenas anunciada uma nova data para a reunião do interprofissional a 18 de julho.
Para além do presidente do IVDP, que representa o Estado, o conselho interprofissional é composto pelos dois vice-presidentes e representantes da produção e do comércio distribuídos pelas duas secções especializadas (Porto e Douro).
O valor do benefício resulta de uma análise multidisciplinar de vários cenários, como as vendas de vinho, os ‘stocks’ das empresas ou as previsões da colheita.
Nos últimos anos, os operadores têm-se queixado de quebras nas vendas de vinho e dos ‘stocks’ cheios, enquanto os viticultores lamentam os preços baixos a que vendem a uva e as cada vez maiores dificuldades em escoar este fruto.
Alguns produtores do Douro já receberam cartas a cancelar encomendas de uvas para este ano.
Para além do aumento do quantitativo do benefício, a manifestação de quarta-feira visa reclamar o escoamento e preços justos para as uvas, a proibição da compra de uvas abaixo dos custos de produção, uma prioridade à aguardente regional na produção de vinho do Porto, mais fiscalização na entrada de mostos e vinhos oriundos de fora da região e a compra, pelo Estado, de ‘stocks’ excedentários das adegas cooperativas.