|
|
|
|
|
– 27-09-2009 |
[ �cran anterior ] [ Outras notícias ] [ Arquivo ] [ Imprensa ] |
Soja: Um caso de sucesso da investiga��o agr�cola brasileiraO cerrado, considerado a savana brasileira, � o segundo maior bioma do Brasil, estimando-se que vivam ali 10 mil especies de vegetais e 1.500 especies animais, e Também o segundo maior conjunto animal do planeta. O cerrado estende-se por uma área de mais de dois milhões de quil�metros quadrados e está presente em 10 estados no centro do Brasil. Este ambiente de biodiversidade riqu�ssima � aparentemente in�spito e improdutivo, j� que durante seis meses do ano, entre Maio e Setembro, não cai uma gota de chuva, e mesmo quando chove, o solo � imprestável para a agricultura: �cido, cheio de alum�nio t�xico e pobre em quase todos os nutrientes essenciais. S� mesmo um louco – ou um conjunto de investigadores destemidos – poderia admitir que tal ambiente poderia dar origem a uma das regi�es mais f�rteis da agricultura mundial. Mas aconteceu. Foi obra da Embrapa. Trinta anos atr�s, a rec�m-criada Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecu�ria lanãou a sua maior "aventura" cient�fica: pegou numa planta de origem chinesa, t�pica de climas temperados, e fez dela a rainha da agricultura tropical. A soja, que até os anos 70 s� podia ser plantada para sul do Estado do Paran�, onde o clima era mais parecido com o da China, virou-se para o norte e tomou conta do cerrado. Invadiu o Estado do Mato Grosso do Sul, avanãou pelas bordas do Sudeste, conquistou Goi�s, criou ra�zes em Mato Grosso, subiu pelo Tocantins, embrenhou-se no Maranh�o e foi bater � porta da Amaz�nia. "Hoje temos tecnologia para cultivar soja em qualquer lugar do Pa�s, em qualquer �poca do ano", diz o investigador Pl�nio Souza, da Embrapa Cerrados, um dos principais respons�veis pela inven��o da soja tropical. "� uma tecnologia 100% brasileira. "Em pouco mais de tr�s d�cadas, a oleaginosa chinesa transformou-se no maior produto do agroneg�cio brasileiro. Em 2007, a ind�stria da soja movimentou � 15,694 bili�es em gr�os, m�quinas, sementes, fertilizantes, pesticidas, log�stica, m�o-de-obra, refina��o de �leo, produ��o de ra��o animal e outros componentes da cadeia produtiva. Isso equivale a 6,4% do PIB agr�cola e 1,6% do PIB total do Brasil. Os c�lculos foram feitos pela Associa��o Brasileira das Ind�strias de �leos Vegetais (Abiove), a pedido do Estado. S� as exporta��es do complexo soja (gr�o, farelo e �leo) renderam � 9,956 bili�es no ano passado, e a expectativa � que passem dos � 12,160 bili�es em 2008. Atr�s da soja no cerrado vieram o milho, o feij�o, o arroz, as m�quinas, os fertilizantes, as estradas, a constru��o civil e os vilarejos transformados em metr�poles da noite para o dia com a riqueza do agroneg�cio. "Falar de soja � falar de muita coisa. Os benef�cios sociais e econ�micos, directos e indirectos, são enormes", diz o ex-presidente da Embrapa, Silvio Crestana. De mera periferia agr�cola, o cerrado virou o celeiro de quase metade dos alimentos brasileiros. Hoje, 40% dos 200 milhões de hectares do bioma estáo ocupados com 61 milhões de hectares de pastagens e 17,5 milhões de hectares de plantações. Segundo c�lculos da Embrapa e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), � desse territ�rio que saem 47% dos gr�os (soja, milho, arroz, feij�o, sorgo e algod�o caro�o), 40% da carne bovina e 36% do leite produzidos no Pa�s. "A incorpora��o do cerrado � agricultura foi a maior conquista do Brasil", afirma Jos� Garcia Gasques, coordenador-geral de Planeamento Estratégico do Ministério da Agricultura, Pecu�ria e Abastecimento. A soja que brota hoje no cerrado � muito diferente da que foi levada da China para os Estados Unidos, 200 anos atr�s, e de l� trazida para o Brasil, no fim do s�culo 19 – sempre restrita a regi�es de clima temperado, próximo ou acima dos 30 graus de latitude. O pacote completo de conversão tecnol�gica inclui sementes, solo, microrganismos fixadores de azoto e pr�ticas adequadas. Mas a diferen�a crucial está mesmo no DNA da planta, que os cientistas brasileiros retemperaram para adapt�-la ao card�pio clim�tico tropical. Curiosamente, a principal adapta��o que os investigadores tiveram de fazer não foi para altas temperaturas nem para escassez de �gua, mas para o chamado fotoperíodo – o tempo de luz ao qual a planta precisa ficar exposta para se desenvolver. A soja � uma leguminosa que gosta de dias longos, com mais de 12 horas de radia��o solar. Nas regi�es temperadas de alta latitude, onde ela se originou, isso � f�cil: no ver�o, por causa da inclina��o da Terra, os dias passam facilmente das14 horas de luz. J� nas regi�es tropicais, pr�ximas ao Equador, como � o caso do cerrado, os dias e as noites são menores e mais constantes. Na altura do paralelo 16, onde fica Bras�lia, o fotoperíodo máximo no ver�o � de 13 horas e meia. E para uma planta, meia hora a mais ou a menos de luz por dia faz muita diferen�a. Em condi��es de menor período de luz, a soja floresce precocemente e pôra de crescer. Sem o melhoramento gen�tico feito pela Embrapa, a soja plantada no cerrado floresceria mais cedo e não cresceria mais do que 30 cent�metros, o que seria impratic�vel do ponto de vista econ�mico. A investiga��o permitiu retardar a flora��o e, com isso, aumentar a chamada fase vegetativa (ou pr�-reprodutiva) da planta de 30 dias para 45 dias, anulando o efeito do fotoperíodo sobre a flora��o. "� como se a gente retardasse o in�cio da puberdade na esp�cie humana para termos indiv�duos maiores", compara Souza.
|
|
|
Produzido por Camares � – � 1999-2007. Todos os direitos reservados. Optimizado para o IE 5.#, resolu��o 800 x 600 e 16 bits |