Alguns agricultores do Fundão queixam-se de “prejuízos elevados” nas produções devido ao atraso na reparação de uma conduta do Regadio da Cova da Beira, que está avariada há 27 dias, situação que consideram “inaceitável”.
Num comunicado enviado à agência Lusa, aqueles produtores explicam que estão abrangidos cerca de 300 hectares de cultivo na zona dos Três Povos e Capinha (Fundão) e exigem a reparação desta avaria, que ocorreu há 27 dias, sem que a Associação de Beneficiários da Cova da Beira (ABCB) tenha conseguido resolver a questão.
“Alguns dos produtores já entraram em contacto com a ABCB para saberem o que está a causar esta demora inaceitável e os elevados prejuízos registados. A justificação é sempre a mesma: estão à espera do material necessário para o arranjo. Isto é inadmissível e quem está a pagar este atraso são os agricultores”, referem.
Segundo acrescentam, estão abrangidas sobretudo áreas de cerejeira, pessegueiro e amendoeira e, se não for resolvida, a situação pode ser “catastrófica” para essas culturas.
Contactado pela agência Lusa, o presidente da ABCB, António Gomes, explicou que a reparação deve começar esta quarta-feira, dia em que está prevista a entrega de uma peça que estava em falta e que é essencial para os trabalhos.
Segundo explicou, o problema só não foi resolvido mais cedo devido à demora que se tem registado na entrega de materiais deste tipo, em virtude da pandemia e da guerra na Ucrânia.
“Antes demoravam cinco dias e agora é o que se vê”, lamentou, frisando, todavia, que a campanha de rega também só começou no dia 01 de maio, por decisão da Agência Portuguesa do Ambiente, dada a situação de seca severa.
Ou seja, segundo diz, até ao início da semana a avaria não teve consequências práticas porque ainda não havia autorização para recorrer à rega.
Ainda assim, os produtores em questão dizem que já estão a registar prejuízos elevados, porque, sem água, não podem realizar os tratamentos fitossanitários e as adubações através de rega.
Lembram que os tratamentos fitossanitários são essenciais para evitar pragas e doenças nas produções, bem como para garantir a qualidade e calibre da fruta.
Por isso, temem que a avaria se prolongue, deixando aquela área sem água e as culturas reduzidas a calibres baixos que se traduzem em “perdas enormes no rendimento dos fruticultores”.
Por outro lado, ressalvam que sem rega as árvores entram em ‘stress’ hídrico e que esta situação tem consequências que se arrastam por mais do que uma campanha, referindo ainda que já há produtores a depararem-se com a queda de frutos das árvores.
“Os prejuízos ainda não são quantificáveis, mas são maiores a cada dia que passa”, concluem.
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