A Agência de Energia e Ambiente da Arrábida (ENA) lançou uma ferramenta digital gratuita que permite aos agricultores portugueses melhorar a eficiência hídrica e energética das suas explorações agrícolas.
Segundo a comunicação, através da plataforma é possível calcular semanalmente as necessidades reais de rega das culturas, ajustando o consumo de água de forma precisa e reduzindo os custos energéticos associados à bombagem.
A ENA sublinha que a ferramenta digital é simples de utilizar e acessível a qualquer produtor, ao mesmo tempo, considera variáveis essenciais como o tipo de solo, dados climáticos, estado fenológico das plantas e coeficientes culturais, permitindo uma rega ajustada às necessidades específicas de cada cultura.
“A utilização desta plataforma contribui diretamente para uma agricultura mais eficiente e ambientalmente sustentável, promovendo boas práticas de gestão de recursos”, lê-se na comunicação.
Esta inovação foi desenvolvida no âmbito do projeto “Regadio Eficiente” e visa fomentar o uso racional da água e da energia na rega agrícola. A iniciativa apostou na modernização dos sistemas de bombagem e na integração de tecnologias mais eficientes e energias renováveis.
No total, vinte explorações agrícolas dos concelhos de Palmela, Setúbal e Montijo beneficiaram do projeto, recebendo apoios a fundo perdido até 60% dos investimentos realizados, incentivando a adoção de práticas agrícolas mais sustentáveis e inovadoras.
Resultados “expressivos”
A participação no projeto possibilitou a modernização de sistemas de rega gota-a-gota em áreas agrícolas que, no total, superam os 560 hectares. A maioria destas explorações está vocacionada para a produção de vinha e hortícolas, setores particularmente dependentes de uma gestão eficiente da água.
No âmbito do projeto, foram instalados oito sistemas solares fotovoltaicos para a produção de energia elétrica renovável, quinze variadores de velocidade em bombas hidráulicas e dois programadores automáticos de rega. Estas intervenções permitiram alcançar uma produção anual de energia solar superior a 33,7 MWh, contribuindo de forma significativa para a redução do consumo energético nas explorações agrícolas abrangidas.
Os variadores de velocidade instalados permitiram uma redução de cerca de 21% no consumo de energia elétrica associado à bombagem de água. Já os programadores automáticos de rega contribuíram para uma poupança estimada em 28%, ao ajustarem com maior precisão a quantidade de água aplicada, de acordo com as necessidades reais das culturas.
Segundo a comunicação, estima-se que o consumo total de energia nas explorações abrangidas tenha sido reduzido em 128 MWh por ano, o que representa uma poupança anual superior a 19.200 euros em custos com eletricidade. Graças ao apoio financeiro atribuído, o retorno do investimento (payback) foi alcançado em apenas um ano e quatro meses.
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.