O secretário de Estado da Agricultura, João Moura, recorreu hoje à linguagem maoísta para classificar o seu primeiro-ministro como o “grande timoneiro” da reconciliação do Governo com os agricultores, alegando que colocou o setor primário como prioridade.
João Moura, segundo da lista da AD – coligação PSD/CDS em Santarém, falava num almoço de campanha na Casa Agrícola A.S. Perdigão, em Benavente (Santarém), perante os presidentes social-democrata, Luís Montenegro, e democrata-cristão, Nuno Melo.
Com o cabeça de lista da AD por Santarém, Fernando Alexandre, a escutá-lo, João Moura começou por caracterizar a agricultura como “altamente tecnológica e altamente amiga do ambiente”.
Mas parte da breve intervenção do secretário de Estado da Agricultura foi dedicada a elogiar o primeiro-ministro.
“Hoje, com a liderança de Luís Montenegro, temos uma reconciliação com a agricultura e uma oportunidade para a nossa produção nacional. Os nossos agricultores merecem dignidade, merecem ter uma atividade empresarial lucrativa e atrativa para os mais jovens”, disse, concluindo: O nosso primeiro-ministro é o grande timoneiro deste grande projeto de amizade em relação à agricultura”.
Entre outros membros do Governo, o ex-líder da distrital do PSD de Santarém também elogiou a ação do ministro da Educação, Fernando Alexandre, dizendo que, da sua parte, “houve total abertura para reformular os manuais de cidadania” – manuais que, na sua opinião, contribuíam para os jovens estarem alheados da agricultura.
No primeiro discurso da tarde, Carlos Travassos, presidente do Conselho de Administração da Casa Agrícola A.S Perdigão, acusou o anterior Governo socialista de “menosprezar a agricultura”, destacou o papel do secretário de Estado da Agricultura no Governo e considerou que os agricultores portugueses “estão com o doutor Luís Montenegro”.
“Saímos da idade das trevas. Agora, com este Governo somos um setor importante estratégico na economia nacional. Não estamos num mar de rosas: Temos de reduzir a carga burocrática urgentemente; é preciso combater a concorrência desleal de países terreiros contra a Europa e Portugal; e a regulamentação tem de avançar, sobretudo para a utilização de drones agrícolas”, reivindicou.
Antes, Montenegro visitou um arrozal na Ponte de Benavente onde, segundo um dos sócios-gerentes da empresa de secagem de cereais Portrice, “apadrinhou o começo das sementeiras do arroz em Portugal”, um pouco atrasado este ano devido à muita chuva.
“Não se assustem: vai cair arroz em cima da cabeça, mas é abençoado”, avisou Carlos Travassos, antes de passar a avioneta que depositava as sementes no arrozal.
No entanto, toda a comitiva – onde estava o líder do CDS-PP, Nuno Melo, e o secretário de Estado da Agricultura João Moura ficou limpinha – com o empresário a gracejar: “O piloto é do PSD certamente, não quis que apanhasse arroz”, afirmou.
Na última passagem da avioneta, no entanto, já foram brindados com alguns grãos.
“Acho que esta foi a pedido”, riu-se o primeiro-ministro.
Segundo Carlos Travassos, os portugueses são considerados “os chineses da Europa”, porque consomem 18 quilos de arroz per capita, comparados com os 4,5 quilos dos espanhóis.
Depois, a campanha da AD seguiu para o almoço nas instalações desta empresa onde recebeu de oferta três embalagens de arroz, duas de duas variedade distintas de carolino e outra agulha (esta destinada a exportação).
A seguir, foi assistir ao modo como se prepara uma paelha e comentou: “Se o aspeto corresponder ao sabor, estamos muito bem”.
Luís Montenegro, tendo perto de si o cabeça de lista da AD por Santarém, Fernando Alexandre, também foi observar o marisco a ser cozinhado numa enorme caçarola. Confessou então ser “um apreciador de paelha”. E fez mesmo questão de realçar: “Adoro paelha”.
Falou também das suas especialidades como cozinheiro para a família.
“Dos cozinhados que faço com arroz o mais emblemático é o arroz de cabidela. Uso sempre o arroz carolino e só uso agulha para o arroz de marisco”, acrescentou.