Os nossos avós faziam “policultura” porque tinham famílias numerosas a trabalhar de graça e “moços de lavoura” muito baratos. Muitos eram os vossos pais e avós, que há muito emigraram para a cidade.
Aposto que ao ler o título muitos de vocês engoliram em seco, sentiram um arrepio ou algum tipo de mal-estar. É um paradoxo do nosso tempo. A população portuguesa, tal como toda a população do mundo ocidental, vocês, os 95% que não são agricultores, tem uma imagem negativa da agricultura intensiva que vos alimenta. No entanto, quase toda a comida que podem comprar nos supermercados, na mercearia do bairro ou na banca do mercado, é fruto da agricultura intensiva. Carne, leite, ovos, frutas e legumes. Foi a agricultura dos adubos químicos e dos pesticidas de síntese que matou a fome no mundo ocidental e matou a teoria catastrofista do Malthus que dizia ser impossível alimentar a população que estava a crescer.
É pelo facto de conseguirmos produzir comida para vós que vocês podem fazer outras tarefas. Com agricultura de subsistência cada família produz a sua comida e passa boa parte do dia a fazer isso.
É graças a conseguirmos produzir comida muito mais barata, em relação ao passado, que vocês tem rendimento livre para gastar na cultura, nas férias, no conforto da casa, em roupa melhor ou num carro melhor.
À agricultura intensiva “má” opõem-se a agricultura extensiva “boa”?